
A crise política bateu de vez à porta do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) abriu uma investigação preliminar explosiva para apurar suspeitas de um esquema de rachadinha envolvendo servidores do gabinete do parlamentar paraibano — um caso que já movimentou, segundo documentos, mais de R$ 4,1 milhões.
A apuração foi instaurada após representação enviada pelo ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que classificou as denúncias como “gravíssimas” e pediu ação imediata do Ministério Público Federal.
Chefe de gabinete com “poder ilimitado”
No centro do escândalo está a chefe de gabinete de Hugo Motta, Ivanadja Velloso Meira Lima, que, de acordo com documentos revelados anteriormente pela imprensa, possuía procurações com poderes amplos e ilimitados para movimentar contas bancárias, realizar saques e até mesmo receber salários de assessores vinculados ao gabinete do deputado.
A investigação identificou 10 funcionários — alguns ainda em atividade — que assinaram procurações entregando a Ivanadja controle total sobre suas contas. O conjunto de salários dessas pessoas ultrapassa R$ 4,1 milhões, apenas considerando o período em que trabalharam diretamente para Hugo Motta.
Rachadinha? Investigação avança em duas frentes
A PRDF decidiu dividir a investigação:
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A parte criminal será conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), devido ao foro privilegiado de Hugo Motta. Qualquer avanço poderá levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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A parte de improbidade administrativa — relacionada ao uso ilícito da estrutura do gabinete — ficará com a PRDF, que conduz a apuração preliminar sob sigilo.
Caso se confirme materialidade suficiente, o procedimento será convertido em inquérito civil, abrindo caminho para ação por improbidade, bloqueio de bens e eventual pedido de perda da função pública.
Chefe de gabinete já responde por outro esquema
O caso é ainda mais controverso porque essa não é a primeira vez que o nome de Ivanadja aparece em denúncias desse tipo. Ela já é ré em ação de improbidade administrativa por suspeita de operar rachadinha no gabinete do deputado federal Wilson Santiago (Republicanos-PB) — aliado direto de Hugo Motta.
Na ação, o MPF afirma que Ivanadja teria movimentado a conta bancária de um servidor que jamais pisou em Brasília, não sabia o valor do próprio salário e sequer conhecia os dados da conta em que recebia.
Silêncio no gabinete de Motta
Procurados, Hugo Motta, sua assessoria e seu gabinete não responderam aos questionamentos até o momento da publicação desta reportagem.
O silêncio apenas alimenta o clima de tensão em Brasília, já que o caso envolve o presidente da Câmara, um dos cargos mais poderosos da República, e repercute diretamente na política paraibana — onde Motta mantém forte influência e enfrenta críticas por gastos elevados com voos particulares, revelados recentemente pela imprensa nacional.
Enquanto isso, nos bastidores, cresce a expectativa sobre o desdobramento da investigação. A qualquer momento, o MPF poderá decidir pela abertura de inquérito formal — e, se isso ocorrer, o caso se torna oficialmente mais um escândalo de rachadinha no Congresso Nacional.
Por Ingreson Derze / fonte83.com.br
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